Acção que promoveu um encontro de grupos de música popular portuguesa e músicos da zona do Douro, bem como um confronto de linguagens artísticas entre a música popular e a percussão tradicional com os novas formas e conceitos da percussão contemporânea, a percussão em materiais reciclados, materiais que representassem a região do Douro, num conceito de valorização e afirmação da cultura local.
Como objectivo foi criado um espectáculo musical único que uniu vários grupos de bombos num só espectáculo, em conjunto com uma performance de percussão em pipas de vinho do Douro, que foi resultado de uma acção de formação anterior com pessoas locais.
Autoria: Hugo Menezes, Procur.arte
Direcção Artística: Hugo Menezes
Evento: Entre Margens
Produção: Procur.arte
Promotor: Fundação Museu do Douro
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Da anterior função só ficou o cheiro a vinho. Agora, são autênticos instrumentos de percussão, tocados por braços enérgicos. Dos pipos se faz música: a do recém-criado projeto Sons do Douro.
A estreia foi há pouco mais de uma semana, no Porto. Sons do Douro, formação criada no âmbito do projeto de intervenção artística Entre Margens, é uma invulgar combinação da percussão tradicional portuguesa com outros ritmos, produzida por não menos raros instrumentos: 18 pipos e duas meias-pipas que guardaram vinho durante três anos.
Ao carvalho francês de origem juntou-se a pele de cabra e deixou-se aberto o buraco da torneira. Assim, apesar de a madeira ter sido limpa por dentro e por fora, ainda é possível sentir-se o cheiro a vinho, que se solta com a vibração. O que se ouve é um som poderoso, meio tribal. Mas quem toca não são índios, antes percussionistas de vários concelhos do Douro, a maioria amadores.
A linguagem que usamos bebe muito da percussão tradicional portuguesa”, contou ao JN o músico e formador Hugo Menezes, que assina a coordenação artística do Sons do Douro. O responsável especifica que, a nível de som, tanto os pipos como as meias-pipas
São uma mistura do bombo tradicional com o taiko japonês”. O mesmo se passa em termos de afinação e de dinâmica.
A preparação do coletivo foi rápida – fez-se com cinco dias de formação e dois de ensaio para o espetáculo de estreia, realizado na Baixa do Porto e já repetido em Lamego. O modelo destes primeiros concertos inclui uma arruada com grupos de zés-pereiras, que estarão em maior número na terceira atuação do Sons do Douro, marcada para o Peso da Régua, no dia 14 de setembro. Aí, a arruada fará a ligação entre o Museu do Douro e a ponte pedonal e é provável que os pipos surjam no meio do rio.
“Isto nunca é fácil nem difícil. Foi intenso, muito motivante desde o início”, conclui Hugo, também maestro e autor dos temas.